sexta-feira, 29 de outubro de 2010



Ética nas relações humanas e nos negócios.

Os atos humanos são, na sua quase totalidade, atos relacionais. Ou seja, são atos que se realizam no relacionamento com o outro ou com os outros. É neste relacionamento que os valores tomam corpo, quando tratamos com uma ou mais pessoas, com a comunidade, com a sociedade (que seja na família, na escola, na empresa, na sociedade...).

Do ponto de vista da ética, destacaria duas atitudes que se destacam como possíveis neste relacionamento:
Ø A ética do interesse próprio
Ø A ética orientada para o outro.
Na ética do interesse próprio, você proporciona algo ao outro, porque é de seu interesse fazê-lo.
Esta perspectiva – cujas sementes foram plantadas pelo filósofo Thomas Hobbes 1, no início do século XVII – tem imensas repercussões no âmbito empresarial, principalmente nas posições de Milton Friedman, da famosa escola de Chicago e do capitalismo do laissez-faire, ou, mais atualmente, do liberalismo e do neoliberalismo.
De acordo com os seguidores dessa escola, a responsabilidade social da empresa consiste única e exclusivamente em aumentar o seu lucro, maximizar os seus retornos. Logo, tudo o que se faz na empresa e nos negócios tem por objetivo o cumprimento desta responsabilidade. A preocupação com os empregados, com a qualidade, com o bem estar da comunidade, enfim, tudo o que se faz pelos outros, justifica-se apenas se a ação resulta na maximização dos resultados econômicos da empresa ou do negócio2.
Como limites éticos da ação neste contexto, os defensores da teoria do interesse próprio admitem apenas que tudo tem de ser praticado dentro da lei. Nesta perspectiva, aliás, conforme Hobbes, a lei resulta de um contrato que os indivíduos agrupados em comunidades ou sociedades fazem entre si, abandonando parte de suas liberdades para obter segurança.
Trata-se, portanto, de uma ética onda a vantagem econômica é o valor mais
importante, visando fundamentalmente à sobrevivência.
Já a ética orientada para os outros tem por objetivo básico a valorização do outro para o benefício do todo.
Parte do princípio de que é fazendo o outro feliz que eu vou me realizar, que eu vou me sentir bem, feliz. É na medida que os outros crescem que o grupo todo, ao qual também pertenço, vai crescer. Os outros não são mais simples instrumentos de minha realização; a minha realização depende da realização da comunidade, da genuína realização de cada um dos outros.
Em termos empresariais, isto significa uma filosofia ou uma ética do serviço. É na medida que o meu produto, a maneira de produzi-lo, e tudo o que faço em relação a ele representarem um serviço para o mercado (ou seja, acrescentarem valor), é que minha empresa poderá obter um resultado econômico válido. Nesta perspectiva, o valor maior é a solidariedade, a profunda interdependência humana, o crescimento
do outro. Este é o objetivo. O lucro, o benefício econômico, é um subproduto.
Indispensável, sem dúvida, para a continuidade da comunidade de trabalho que é a empresa, mas que só vai existir se as outras condições forem preenchidas.





“De modo que na natureza do homem encontramos três causas principais de discórdia.
Primeiro a competição, segundo, a desconfiança, e terceiro, a gloria. A primeira leva os homens
a atacar os outros tendo em vista o lucro; a segunda, a segurança; e a terceira, a reputação”.
Thomas Hobbes, “Leviatã”, Capítulo XIII, “Da condição natural da humanidade relativamente à
sua felicidade e miséria”. Os Pensadores, Ed. Abril, São Paulo, Pág. 75, edição 1979.
2 “Há poucas coisas capazes de minar tão profundamente as bases de nossa sociedade livre do
que a aceitação por parte dos dirigentes das empresas de uma responsabilidade social que não













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